terça-feira, 10 de março de 2015

JOAQUIM PINTO MADEIRA






Luciano Francisco de Melo

O lendário Pinto Madeira nasceu no ano de 1783 no povoado de Barbalha. Foi militar e um bem sucedido proprietário rural. Homem rústico e conservador foi também chefe político na vila de Jardim, usufruindo, portanto de certa influência entre as elites do Cariri do século XIX. Sua influência pode ser notada pelo fato de ter defendido cegamente o império atuando contra os movimentos rebeldes ocorridos em Pernambuco e em Crato nos anos de 1817 e 1824 (a Confederação do Equador) que apresentavam ideais republicanos.                 
   Sua conduta política e revolucionária lhe rendeu sérias hostilidades entre as elites Carirenses, em especial a cratense que era fortemente influenciada pela família Martiniano de Alencar. As rivalidades entre Jardim e Crato tiveram inicio, a partir do interesse de emancipação do povoado de Jardim à Vila e sua desintegração, portanto, da vila do Crato.          
  Como líder político e defensor da monarquia, Madeira traçou junto à luta contra os republicanos cratenses e as revoltas de 1832, o seu leito de morte. Suas façanhas passam a incomodar as elites, daí o Conselho do Governo Regencial coloca a premio a cabeça dos lideres revoltosos (a saber – padre Antônio Manoel de Sousa e Pinto Madeira) forçando-os à rendição, pondo um fim a rebelião. A rendição de Pinto madeira se deu em negociação com o General Pedro Labut, responsável pela missão de acabar com a rebelião, de lhe assegurar a garantia de proteção a sua vida e de que o seu julgamento fosse feito no rio de janeiro perante a Regência. No entanto as promessas não foram cumpridas e pinto madeira foi preso, julgado e condenado no Crato.                                                      
    De acordo com Borges (1997) “consoante Ireneu Pinheiro, o juiz de direito interino – José Vitoriano Maciel – e os jurados que constituíram o júri que condenou Pinto Madeira à forca eram seus inimigos”. Isso justificaria o fato de o réu, Pinto Madeira, não ter sido julgado pelo crime de rebelião e liderança dos revoltosos de 1832 (pelo menos, esses não foram considerados os maiores dos seus crimes), e sim ter sido acusado pelo assassinato de Joaquim Pinto Cidade ocorrido na batalha do Buriti, em dezembro de 1831, em Barbalha.                          
       Segundo historiadores, madeira negou a autoria do crime, mas foi condenado a forca em 28 de novembro de 1834. Como era militar ele pediu as autoridades presentes para que a sua execução se desse por fuzilamento e não por enforcamento. Seu ultimo pedido foi concedido e, Joaquim Pinto Madeira foi fuzilado na localidade do alto Barro Vermelho, hoje bairro Pinto Madeira, “ironicamente” em sua homenagem.                                              
   No local fúnebre foi construída uma pequena praça, bem iluminada à noite, e ao centro foi erguido um cruzeiro de madeira sem qualquer referência a pessoa e ao acontecimento que se deu ali. As pessoas passam pelo local, alguns colocam santinhos, acendem velas em determinados momentos de adoração, mas a grande maioria delas, não se dá conta do significado daquele monumento.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- BORGES, Raimundo de Oliveira. Memória Histórica da Comarca do Crato. UFC – Casa de José de Alencar, Programa Editorial, 1997.
- PINHEIRO, Irineu. Efemérides do Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,1963.                                  
- LEITE, Maria Jorge dos Santos. A influência das revoltas liberais  no Cariri cearense e a “sedição de Pinto Madeira” Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1370911412_ARQUIVO_PintoMadeira.pdf . acessado em 03/03/2015.

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