Luciano
Francisco de Melo
O lendário Pinto
Madeira nasceu no ano de 1783 no povoado de Barbalha. Foi militar e um bem
sucedido proprietário rural. Homem rústico e conservador foi também chefe
político na vila de Jardim, usufruindo, portanto de certa influência entre as
elites do Cariri do século XIX. Sua influência pode ser notada pelo fato de ter
defendido cegamente o império atuando contra os movimentos rebeldes ocorridos
em Pernambuco e em Crato nos anos de 1817 e 1824 (a Confederação do Equador)
que apresentavam ideais republicanos.
Sua
conduta política e revolucionária lhe rendeu sérias hostilidades entre as
elites Carirenses, em especial a cratense que era fortemente influenciada pela
família Martiniano de Alencar. As rivalidades entre Jardim e Crato tiveram
inicio, a partir do interesse de emancipação do povoado de Jardim à Vila e sua
desintegração, portanto, da vila do Crato.
Como
líder político e defensor da monarquia, Madeira traçou junto à luta contra os republicanos
cratenses e as revoltas de 1832, o seu leito de morte. Suas façanhas passam a
incomodar as elites, daí o Conselho do Governo Regencial coloca a premio a
cabeça dos lideres revoltosos (a saber – padre Antônio Manoel de Sousa e Pinto Madeira) forçando-os
à rendição, pondo um fim a rebelião. A rendição de Pinto madeira se deu em
negociação com o General Pedro Labut, responsável pela missão de acabar com a
rebelião, de lhe assegurar a garantia de proteção a sua vida e de que o seu julgamento
fosse feito no rio de janeiro perante a Regência. No entanto as promessas não
foram cumpridas e pinto madeira foi preso, julgado e condenado no Crato.
De acordo com Borges (1997)
“consoante Ireneu Pinheiro, o juiz de direito interino – José Vitoriano Maciel
– e os jurados que constituíram o júri que condenou Pinto Madeira à forca eram
seus inimigos”. Isso justificaria o fato de o réu, Pinto
Madeira, não ter sido julgado pelo crime de rebelião e liderança dos revoltosos
de 1832 (pelo menos, esses não foram considerados os maiores dos seus crimes),
e sim ter sido acusado pelo assassinato de Joaquim Pinto Cidade ocorrido na
batalha do Buriti, em dezembro de 1831, em Barbalha.
Segundo historiadores, madeira negou
a autoria do crime, mas foi condenado a forca em 28 de novembro de 1834. Como
era militar ele pediu as autoridades presentes para que a sua execução se desse
por fuzilamento e não por enforcamento. Seu ultimo pedido foi concedido e,
Joaquim Pinto Madeira foi fuzilado na localidade do alto Barro Vermelho, hoje
bairro Pinto Madeira, “ironicamente” em sua homenagem.
No local fúnebre foi
construída uma pequena praça, bem iluminada à noite, e ao centro foi erguido um
cruzeiro de madeira sem qualquer referência a pessoa e ao acontecimento que se
deu ali. As pessoas passam pelo local, alguns colocam santinhos, acendem velas
em determinados momentos de adoração, mas a grande maioria delas, não se dá
conta do significado daquele monumento.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- BORGES, Raimundo de
Oliveira. Memória Histórica da Comarca
do Crato. UFC – Casa de José de Alencar, Programa Editorial, 1997.
- PINHEIRO,
Irineu. Efemérides do Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária do
Ceará,1963.
- LEITE, Maria
Jorge dos Santos. A influência das
revoltas liberais no Cariri cearense e a
“sedição de Pinto Madeira” Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1370911412_ARQUIVO_PintoMadeira.pdf . acessado em 03/03/2015.
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